Esse é um post mais desabafo.
Desde que eu decidi encarar o mundo fora do Brasil, muitas pessoas vem conversando comigo sobre choque cultural e sobre diferenças culturais.
E eu não quero dizer que não existe um choque cultural, e que existe uma cultura global, aonde todos se comportam de maneira previsível e universal. Não é assim. Lógico que existem culturas diferentes.
Mas algumas coisas que a gente classifica como cultura, não são parte da cultura. São mau-caratismo, até na própria cultura.
A gente precisa diferenciar bem o que é maldade e o que é parte da cultura.
Desde que eu sai do Brasil, ouvi muito que mulher brasileira é fácil e bonita. Não que eu não seja bonita, mas eu não tenho 1,80 distribuido em 60kg, 40 de cintura e 100 de quadril.
Não só fisicamente, do mesmo jeito que não dá para colocar a brasileira numa caixinha, não dá para colocar árabe em uma caixinha.
Eu vim para cá, sendo vegetariana. E aqui a culinária sempre tem frango. Eu sempre converso antes que eu sou vegetariana. Mas eu também tenho em minha consciência que não vou estar quebrando nenhuma lei, ou destruindo minha vida se eu experimentar um macarrão com frango. Eu tento me ajustar, porque antes disso, vem o valor que eu dou para o relacionamento com quem me oferece a comida.
E claro, através da minha capacidade de expressar respeito, admiração, com gestos, com palavras, eu explico o quanto eu gostaria de experimentar, e que sei que foi feito muito carinho, mas não é algo que sou acostumada a comer, e peço muitas desculpas porque não quero ofender.
A minha família no Brasil, ficava triste comigo quando a gente saia, e eu não comia churrasco. Mas isso não impediu de que tivessemos um relacionamento de respeito mútuo.
Alguns egípcios agem como minha família, sem entender da onde eu tirei que frango faz mal e entendem ser absurdo ser vegetariana. Mas respeitam, seguimos o jogo e comemos outras coisas. Outros se sentem ofendidos, e exigem que eu como. Mas ai com o discernimento que eu tenho, eu decido se vale a pena comer ou não por essa pessoa.
Algumas pessoas reclamam que egípcios são invasivos e manipuladores. Que são agressivos.
Mas precisamos ter calma.
Nenhum egípcio é igual ao outro, e sempre que você sinalizar claramente seus limites e expectativas, dentro de relações humanas existe concessões e adaptações.
Por isso que casamento com culturas é diferente, mas não impossível. Porque aonde existe espaço para diferenças, mas respeito mútuo as coisas funcionam.
Nós brasileiros temos uma infinidade de defeitos, e qualidades, mas cada um passa por uma criação, experiências de vida singulares e claro, capacidade de se adaptar.
Não dá para colocar todo brasileiro como malandro, ingênuo e sensual.
Se você está juntando os árabes e egípcios em uma caixinha, respira. Abre a caixinha revisa. Agora dá uma chance de expressar o que você tem de expectativa e limites. Entenda que independente da cultura, como seres humanos, precisamos ter espaço para expectativas e limites individuais, e faz parte se ajustar um ao outro.
Essa parte de lavar a roupa vai dar certo se você fizer com humildade e sinceridade. A língua pode ficar no meio, a maneira de se expressar também – isso é choque cultural.
Mas não coloque desrespeito com seus limites, nem desrespeite a cultura do outro, com a justificativa: Cultura.
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Categorias:Cotidiano
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