Essa sexta feira foi emitida nota pela Organização das Nações Unidas no Egito após a morte de uma menina de 12 anos no Alto Egito, na região de Assiut. O procedimento de “circunsição feminina” havia sido realizado por um médico.
“We are outraged that such senseless deaths still occur in 2020, despite progress made to eradicate this violent practice in terms of law reform, awareness raising, as well as direct engagement with local communities and religious leaders”
“Estamos indignados que essas mortes sem sentido ainda ocorram em 2020, apesar dos progressos realizados para erradicar essa prática violenta em termos de reforma da lei, conscientização e envolvimento direto com comunidades locais e líderes religiosos”
A ONU sugere que sejam penalizados os envolvidos, mas respeita a investigação que está acontecendo e independencia do processo judicial.
A morte da menina foi denunciada pela linha de Auxílio a Criança (16000) e tanto seu pai quanto o médico já foram presos.
“Embora tenha havido um declínio na prática na faixa etária de 15 a 17 anos em mais de 13% de 2008 a 2014 (Pesquisa Demográfica de Saúde 2014), os esforços para abandonar a MGF devem ser acelerados com urgência”
ONU
A mutilação genital femina continua a ser praticada no Egito, apesar de ter sido banida e criminalizada em 2008.
De acordo com a Pesquisa de Assuntos de Saúde do Egito de 2015 (EHIS), cerca de 9 em cada 10 mulheres entre 15 e 49 anos foram submetidas ao procedimento.
No entanto, o governo egípcio tomou medidas significativas para conter a MGF, realizando campanhas educacionais nas províncias do Egito. Um estudo realizado após o EHIS pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e pelas autoridades egípcias e publicado em 2016 revelou que a MGF realizada com meninas entre 15 e 17 anos caiu de 74% em 2008 para 61% em 2014.
A ONU defende que o Egito tem se comprometido com a eliminação da MGF em 2019, estabelecendo o Comitê Nacional para a Erradicação da Mutilação Gential Feminina, sob a liderança do Conselho Nacional da Mulher e do Conselho Nacional da Infância e Maternidade.
O que aconteceu:
A investigação forense revelou que o procedimento da MGF realizado na vítima foi feito sem anestesia e por um médico de 70 anos que não era qualificado como cirurgião.
Durante o interrogatório, o médico, identificado apenas como ‘Ali A.A’, admitiu que nenhuma enfermeira, anestesista ou outra equipe da clínica estava envolvida e que a mãe e a tia da vítima assistiram ao procedimento do início ao fim.
O médico disse que a família havia solicitado uma operação de “cirurgia plástica” nos órgãos genitais feminino. O médico acrescentou que, durante a operação, a vítima começou a sangrar bastante e que ele foi incapaz de parar o sangramento.
As declarações do médico de que ele havia sido solicitado a realizar uma operação de “cirurgia plástica” em uma criança de 12 anos foram descartadas como mentiras pelos promotores públicos e pela família da vítima.
Durante o interrogatório dos promotores públicos, os pais e a tia da vítima admitiram leva-la à clínica para se submeter a um procedimento de “circuncisão feminina” e não a qualquer forma de cirurgia plástica.
A morte causou indignação no Egito, com grupos de direitos das mulheres pedindo ação rápida contra todos os responsáveis.
Fontes: Egyptian Streets / Egypt Independent
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