É assustador e grave como essa situação é comum e mesmo assim pouco falada. Infelizmente permitimos entender a violência como parte da vida doméstica. Não é um problema exclusivo do Brasil ou do Egito. É muito maior que isso, e esse guia vai ser para se previnir e lidar com a violência se for esse o seu caso. Os conselhos são para homens e mulheres, independente da crença e nacionalidade.
Prevenção
- Não more com a família do seu conjuge. Eles podem ser queridos, mas todas as vezes que vocês discutirem, seu conjuge vai ter uma vantagem desigual perante você, já que a família vai tomar partido.
- Não se isole. Independente do relacionamento que você tiver, se ele te afasta das pessoas que se importam com você por uma demanda exagerada de atenção ou por ciúmes cuidado. É muito mais fácil manipular e abusar de uma pessoa que não tem com quem contar.
- Independente de quem você for, com o que você trabalha, como você se veste, como você se comporta, VOCÊ MERECE RESPEITO. E ponto final. Caso a pessoa que está com você não aceita alguma coisa sobre você, não insista.
- Não exponha seu relacionamento para as pessoas porque isso é imaturo. Suas discussões são para ficar privadas. Se você precisa de aconselhamento procure ajuda profissional e se não encontrar, procure alguém de confiança e com maturidade, não a pessoa que estiver disponível.
- Lembre-se que ninguém é perfeito, e lidar com raiva e frustração é dever todo ser humano. Se alguém chegou a vida adulta sem saber como fazer isso precisa procurar ajuda profissional.
Lidar com Violência Doméstica
- Especialmente se você é vítima no momento do ataque, não reaja, mas busque maneiras de provar que ataque aconteceu, grave, fotografe, grite ou sinalize para alguém. Provavelmente depois do ocorrido vão tentar diminuir a gravidade e ignorar seu discurso, então procure evidências.
- Vá para um lugar isolado e seguro. Não dá para resolver nada no calor do momento e permanecer pode custar a sua vida. Saia, vá para algum lugar seguro, e avalie seus próximos passos.
- Já que você não se isolou, procure agora pessoas de confiança que irão te proteger.
- Avise as autoridades e siga as instruções.
- As leis protegem vítimas de violência mas o sistema não ajuda. Vão tentar de tudo para vocês se reconciliarem. Vão diminuir seu discurso, e tentar te culpar. Então você não precisa fazer isso! Não se culpe, racionalize e diminua sua denúncia, o sistema vai tentar fazer isso!
- Não existe mudança sem acompanhamento profissional. Se a pessoa realmente quer parar de ser violenta, e tornar segura a convivência de vocês, ela precisa: Assumir perante líder religioso e família (de ambos os lados) e buscar ajuda profissional. Isso faz com que realmente a pessoa demonstre comprometimento em mudar e garante que você não vai estar vulnerável em uma recaída.
- Segurança é fundamental e o ambiente de violência destrói seu psicológico, e se houverem filhos também.
- Existe uma mentira que o abusador acredita. Que a vítima merece a violência, e que não é boa o suficiente. Mas ele não vai querer terminar o relacionamento porque gosta da sensação de controle sobre a vítima. Não é porque a vítima é amada, respeita ou admirada. É porque ela é vítima e o abusador gosta da sensação de poder.
A vítima nunca merece a violência, independente do problema o tempo, a conversa, ou até a distância são medidas maduras e equilibradas que qualquer pessoa pode tomar em vez de agredir alguém.
Observações
Não existe perfil de vítima ou de agressor, existem sinais e pistas de que a pessoa não consegue se controlar, mas isso pode ser gatilhado por uma perda de emprego, falecimento, ou trauma. Ou seja, uma pessoa absolutamente normal pode ser agressor ou vítima. Seja ela rica ou pobre, inteligente ou ignorante.
Para ajudar uma vítima é importante lembrar que ela não é perfeita, assim como ninguém é, mas que de maneira alguma ela merece ser agredida. Infelizmente o que vejo são pessoas virando as costas para as vítimas porque elas foram “avisadas” ou porque a violência é “recorrente”.
A excessão é a vítima conseguir imediatamente se desvincular do agressor. O comum é que a vítima perdoe e volte, e o agressor escale o nível das agressões até o homícidio ou ferimentos graves. Por isso se você é vítima e está lendo, leia de novo. Porque se o agressor não tem comprometimento e coragem de mudar, ele não vai ter medo de te agredir de novo.
Se você quer ajudar alguém, saiba que a pessoa está em uma posição vulnerável, muitas vezes alienada e assustada sendo manipulada por um agressor. Não tome decisões pela vítima, ajude-a a enxergar suas opções com clareza e garanta sua segurança imediata. A pessoa pode até voltar com o agressor, mas vai entender que foi por escolha consciente e própria. E não se sinta mal se isso acontecer, você fez sua parte.
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