O assédio é um problema aqui no Egito, e é diferente o assédio no Brasil do Egito. Nós brasileiras estamos acostumados a ouvir uma música gráfica na rua, assistimos banheira do Gugu no domingo de tarde, e vimos muita troca de casal nas novelas. Para gente, você ter uma vida sexual visível e pública não é negativo, é parte da sua experiência como ser humano.
No Egito não é assim!
Muitos dos comportamentos que as pessoas aqui tem pareceriam absurdos para nossa perspectiva.
Até hoje tem quem pede lençol com a mancha da primeira vez, e se não tiver pode ser anulado o casamento… a vergonha é tão grande sobre a família, que pode levar a assassinar a filha para limpar a honra. Ainda que muito menos, acontece a mutilação feminina (tahara) como forma de controlar o desejo e prazer da mulher por ser “errado, sujo e pecaminoso”. Falar sobre aborto e métodos contraceptivos é sendo bem discreto… Homossexualidade é crime. Tudo isso faz parte de uma perspectiva diferente da brasileira em relação a sexualidade.
Bem vindo a cultura da “pureza” aonde o valor da mulher é em ser modesta, discreta e virginal ou puritana, tem uma grande maioria de adeptos aqui. E claro, quando essa idéia está em alta, a idéia de uma mulher sensual e poderosa é vista com desdém e desprezo.
O trabalho sexual foi legal no Egito durante a ocupação Britânica de 1922 até mais ou menos 1936, e tudo que remonta esse período é lembrado com muita tristeza. A exploração e colonização ocidental, além de abusos por parte dos soldados criaram uma rejeição ao estilo de vida ocidental e sexualidado que a gente está familiarizado… e muitas pessoas buscaram valores religiosos mais rigorosos e expressões culturais que se opunham a tudo isso. Eles realmente foram explorados e tem os motivos históricos deles.
Um famoso ditado Egípcio diz:
Mulheres são como balas. Se tiver uma embrulhada e a outra suja e desembrulhada, qual você vai escolher?
A cultura da pureza também limita as mulheres socialmente e economicamente. Como são “preciosas” e precisam ser protegidas, precisam abrir mão de uma carreira e vida social como maneira de honrar a sua família e marido. Apenas 15% das mulheres de 19 a 45 anos tiveram trabalho nos últimos 12 meses (DSH), e dessas 84% foram pagas em dinheiro.
36% dos homens egípcios entrevistados acreditam que é admissível penalizar fisicamente (violência doméstica) se a esposa sai sem avisar.
Mais da metade de egípcios em uma pesquisa de 2015 rejeitavam a idéia de mulheres como juízas, prefeitas ou presidentes.
O casamento também é feito internamente, com 17% das mulheres sendo casadas com primos de primeiro grau. Isso reflete a desconfiança com homens de fora da família e também as preferências pessoais dos casados.
O que eu concordo e apóio, ou penso infelizmente é irrelevante. A formação cultural do egípcio é diferente da minha, e eu tenho que me adaptar. Mesmo no Brasil regiões são diferentes, e o conceito de pureza varia muito mesmo dentro de um único estado. O conceito de pureza e honra no Egito está muito ligado e meu objetivo é passar aqui, contexto. Porque entendendo um pouco da história a gente consegue ter mais empatia e se adaptar melhor.
As coisas estão mudando. As pessoas estão esquecendo da época que os britânicos exploravam a nação e matriculando os filhos nas escolas britânicas buscando preparo desde cedo para carreiras internacionais.Muitos jovens egípcios sonham em ir para outro país em busca de uma “liberdade” e estabilidade financeira. As redes sociais permitem que denúncias de abuso viralizem e que as mulheres deem opniões e sejam ouvidas. Mas o Egito não é o Brasil. Não temos a mesma história nem vemos as coisas com os mesmos olhos. Por isso, entenda como é aqui.
Categorias:Mulher
São culturas estranhas e diferentes. Da mesma forma que, para eles, a nossa cultura é, certamente, escandalosa e diferente.
Há que respeitar, mas, ainda assim, custa aceitar as coisas que se fazem nestes países.
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Sim. Pra eles a gente também é escandaloso e imoral em muitos momentos.
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