Cotidiano

Dois Egitos Diferentes por Natália

Eu costumo dizer que eu tive a oportunidade de conhecer 2 Egitos totalmente diferentes, o Egito com o H*e o Egito sem ele.

No Egito do H*, todo mundo falava inglês fluentemente, seus amigos tinham frequentado escolas internacionais e viajavam para o exterior frequentemente, com eles eu podia, fumar, beber, falar palavrão e usar as minhas roupas ocidentais sem julgamentos. Saímos praticamente todos os dias, pra restaurantes, bares ou baladas.

Fui na festa de lançamento do cigarro Camel no Hilton e foi uma das melhores festas da minha vida! Nestes lugares eu não conseguia achar nada de diferente do Brasil, exceto as demonstrações de afeto, que hora ou outra eu acaba esquecendo e dava uns abraços inesperados nas pessoas e acabava todo mundo ficando tenso, ai aparecia algum segurança pra dizer que não podia fazer aquilo.

A cidade toda era bege e muito suja, mas os locais que costumamos frequentar pareciam de outro mundo! Tudo muito lindo e moderno que nada parecia aquele mar bege que sempre estava aos meus olhos no centro (eu fiquei hospedada próximo a tahir square).

Sua família tinha casa em Alexandria e Ras Sudr e eu tive a oportunidade de conhecer estes lugares lindos junto de amigos e familiares que sempre me acolheram muito muito bem! Fizemos um cruzeiro pelo Nilo, que a única parte chata foram os seguranças nas nossas portas para garantir que não entraríamos um no quarto do outro.

Isso acabou acontecendo em Dahab também, me colocaram no primeiro andar do hotel e ele tipo no quinto sempre com olheiros a espreita para garantir que não iriamos cometer nenhum Haram. A proposito, apesar de ser “proibido” a maioria dos jovens que conheci namorava, e muitas meninas me confessaram que era normal praticar sexo anal pra não perder a virgindade (e eu só pensando na dor kkkkk).

Acho que a única situação desagradável que passei com o H*, foi um dia que visitamos um bar Local bem famosinho (Stella Bar) e tinha apenas homens, o dono do bar pediu pra eu sentar no canto, de costas pras pessoas, pra não *distrair* os outros clientes…

Mas como nem tudo são flores, ele só podia estar comigo depois do trabalho e nos finais de semana e eu viajante sola há anos não me contentaria a ficar trancafiada no Hostel…

Resumo o Egito sem o H* basicamente em: Assédio o tempo todo! Era insuportável sair na rua sozinha, a todo momento alguém me abordava querendo falar algo ou tirar foto.

Leia mais: Mulheres sozinhas no Egito

Mesmo contrária a todas as recomendações uma tarde decidi ir até Zamalek de metro e foi um dois maiores arrependimentos da minha vida, fui seguida saindo da estação por um jovem que tentava falar comigo em árabe, em um primeiro momento eu ignorei, como ele não parou eu comecei a dizer em inglês para ele não me seguir que eu iria chamar a polícia, um outro rapaz que estava próximo viu a situação e foi “tirar satisfação” com ele, em poucos segundos eles estavam rolando no chão e um deles ensanguentado, sai correndo, corri tanto mas tanto o máximo que pude, até que cheguei em um prédio que era uma embaixada e eles que me “acalmaram”… além desse péssimo episódio, fui também seguida dentro do Museu Nacional, e tive que mais uma vez apelar para a segurança do Museu.. neste caso o cara alegou que eu era egípcia e estava me fingindo de estrangeira pra não falar com ele, e eu tipo, oi? eu tenho que falar com desconhecidos se eu for egípcia? aff..

Eu me sentia desconfortável a todo momento quando estava só (por outro lado, conheci diversas mulheres que diziam ADORAR isso, elas se sentiam desejadas ou algo do tipo, alguma diziam que este jeito soava como ELOGIOS pra elas) infelizmente, pra mim não rolou, foi algo que eu não soube lidar e estragava MUITO o meu tempo lá, eu contava as horas pra estar com o H* pra não passar por situações desse tipo e ao mesmo tempo extremamente entristecida porque ODEIO depender dos outros, e eu me sentia dependente dele pra estar bem lá.

Também teve uma das tardes que o cruzeiro estava atracado em Luxor e eu tive a infeliz ideia de descer sem o H*, a cada 30 metros algum cara tentava falar comigo dizendo que era trabalhava no cruzeiro que eu estava, na primeira vez eu cai, fiquei com vergonha de não ter reconhecido, ele disse que trabalhava na cozinha e serviu minha janta, era tudo mentira! dispensei ele e não dei nem 3 passos chegou outro com o mesmo assunto.. e outro e outro.. aquilo me deixou tão puta, eu só queria andar na beira do rio sem ninguém me enchendo o saco sabe? Sentei na mureta e comecei a chorar.. umas meninas me viram e foram falar comigo, elas foram umas fofas mas no final veio o pedido, você pode tirar uma foto com a gente?

As abordagens masculinas na sua maioria eram em árabe (com muuuitos gestos, algumas vezes pareciam até irritados e isso me assustava hehehe) ou em um inglês bem mais ou menos, também tive muita dificuldade em conseguir informações nas ruas, pedir informações era bem tenso, mesmo com o google translator não era sempre que o resultado era bom, algumas vezes precisei ligar pro H* e pedir para ele explicar pra pessoa o que eu precisava. Tinha também que estar sempre alerta aos preços, quando não estava com o H* pois o preço na maioria das vezes triplicava.

Outro ponto que me entristeceu bastante foi a quantidade de mulheres que eu conheci que foram enganadas por egípcios, na maioria, elas os conhecem pela internet, mandam dinheiro, fotos, videos, e acabam indo pra lá atrás deles, quando chegam eles somem e elas ficam desamparadas. Conheci uma mexicana que tinha vendido TUDO que ela tinha pra se mudar pro Egito, ela estava com umas 20 Malas e o cara nem apareceu no aeroporto, ela nunca conseguiu falar com ele depois que pisou lá. Também tive a oportunidade de conhecer a M*, uma muçulmana que fugiu da Eritrea, foi morar na Arabia Saudita, e atualmente mora em Londres, ela também tinha sido enganada por um egípcio em Sharm el Sheik, prometeu casamento, mundos e fundos, e na verdade só queria o dinheiro dela! A gente se tornou bem próxima e quando eu fui embora do Egito, fiquei 2 semanas na casa dela em Londres! Ela é um amor!!!!!!!

Leia mais: Será que o habibi é uma cilada?

Resumo da Ópera: A experiência valeu, porque o H* salvou o meu passeio e eu realizei meu sonho. Tenho certeza que sozinha eu teria passado os piores dias da minha vida, não recomendo a ninguém que vá sem guia ou excursão pro Cairo! A menos que você tenha amigos lá que possam ser sua companhia. Já as cidades praianas de Dahab, Sharm el Sheik e Hurghada eu iria sozinha de boa!

O texto foi originalmente publicado no grupo do Facebook.

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