Religião

Existe liberdade religiosa no Egito

Esse é um artigo que qualquer pessoa pode ler, mas escrevi principalmente para quem como eu, é do Brasil e cristão.

O Egito é uma nação Islâmica, mas ente outras da mesma categoria é bem mais secularizada e liberal. Autoridades religiosas influenciam autoridades políticas, e uma minoria cristã e judaiaca também precisa responder criminalmente quando realiza pecados.

Um passo muito importante é descer da utopia do Brasil laico. Bancadas evangélicas com agendas religiosas e interesses particulares podem facilitar sua própria denominação e interesses enquanto embargam e prejudicam interesses de religiões diferentes.

Oração ou missa antes de agendas políticas, alusões religiosas em campanha política, campanhas religiosas… Temáticas religiosas em escolas e escolas confessionais, doutrinação infantil, uso de referências religiosas em assuntos legais, tudo isso é carta batida no Brasil “laico”.

Um umbandista pode explicar como sofre preconceito ao buscar trabalho, fazer rituais, ou criar centros de Umbanda com o governo. Fora demonstrações hostis nas redes sociais e até assédio e violência na rua. Isso, que a Umbanda esteve presente na formação do Brasil, e a maioria da população venera Iamanjá no ano novo pulando 7 ondinhas.

Imagine como seria com o mulçumano no Brasil! Além da ignorância geral da população a esse respeito, aonde se confunde nacionalidade com religião, muitos brasileiros associam notícias trágicas a religião Islâmica. Esse conceito permeia redes sociais, círculos acadêmicos e religiosos. Muitos brasileiros leem o Oriente Médio como um conto de mil e uma noites ou um resumo estereotipado da novela O Clone, e associam tudo isso a religião.

O Sheikh Jihad explica que existe no Brasil muitos direitos garantidos por lei, mas amplamente desrespeitados pelas pessoas. Uma mulçumana de hijabi não é contratada, e os funcionários não são autorizados a realizar suas orações durante o expediente ou no local de trabalho. Nos púlpitos de igrejas os pastores pregam ódio contra mulçumanos, gerando hostilidade nas ruas e na internet, chegando até a agressão física.

No Brasil existe a ANAJI, Associação Nacional de Juristas Islâmicos que combatem discriminação e promovem a liberdade religiosa.

No Egito

No Egito existe em seu documento de identidade sua religião, e são aceitos apenas os que creem em um único Deus (religiões Abramicas) com judeus, cristãos e mulçumanos. Além disso, seu nome já imprime sua religião e história religiosa da família.

Pra quem não sabia, seu nome é a soma do seu nome+nome do pai+nome do avô (máximo 7 nomes). Então um mulçumano pode se chamar Mohammed Mohammed Mohammed Mohamed, se todos tiverem esse nome! Uma mulher pode se chamar Yasmin Mohammed Ibrahim, e podem existir pessoas com o mesmo nome mas em ordens diferentes!

O que você NÃO sabia sobre os nomes dos egípcios

Se a pessoa for cristã, é comum usar nomes em inglês ou então Shnounda (um famoso padre copta) ou nome de profetas e santos.

Hoje em dia muitas pessoas dão nomes em inglês para os filhos, evitando esses estereótipos religiosos, como Yasmin, Noah (profetas de ambas as religiões com nomes em inglês).

Há alguns meses encontrei uma brasileira que estava chocada porque ao fazer seus documentos aqui, uma brasileira colocou em seus documentos mulçumana, e fez o testemunho afim de ganhar vantagens sociais e econômicas, não por devoção pessoal! E sim isso acontece. Não só com brasileiras mas com pessoas de diversas nacionalidades que entendem que pertencendo nominalmente a maioria, sua vida será mais fácil.

De maneira parecida, eu como cristã fico ofendida e chocada quando mulçumanos pedem asilo religioso na Europa e outros países sem interesse religioso mas buscando as mesmas vantagens. Isso acontece em grande quantidade.

Aqui no Egito existe liberdade de culto, existe liberdade de consciência mas a maioria é mulçumana, então existe um favorecimento ilegal, mas comum de práticas Islâmicas. Um restaurante não halal precisa de diversas autorizações para por exemplo acrescentar bebidas alcóolicas ao cardápio. Esse é o motivo porque o Hard Rock Café flopou aqui no Cairo por exemplo. Igrejas também encontram muitas barreiras burocráticas para construir e manter suas atividades. A maioria ostenta autorizações com mais de 50 anos, ou precedentes a chegada dos árabes (como o caso dos coptas).

Além disso, o governo coloca militares, inteligência e policiais em frente a igrejas para garantir que o andamento dessas não interfira religiosamente e politicamente na região, além de manter os lugares seguros de ameaças terroristas, o que fica muito chocante. Visitei uma igreja algumas vezes com até tanque estacionado, e vários soldados vestidos para combate enquanto aconteciam as reuniões.

É ilegal desvirtuar um mulçumano ao cristianismo, então quem é cristão não pode sair por ai falando o que quer! Um pessoa que pratique apostasia é socialmente punida e até criminalmente na letra da lei. O mais comum no entanto, é uma pessoa deixar de praticar (fazer as orações e ir a mesquita, consumir haram) o Islã mas manter a identidade religiosa.

Ou seja, espero que você reflita nessas informações e tire suas próprias conclusões, e revisite seus preconceitos dando espaço para uma perspectiva mais tolerante e sensível. Seja no Brasil ou no Egito.

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