O blog Vida no Egito é formado por Evelyn, Mayara e Patrícia.
3 mulheres que, assim que chegaram, deixaram de existir. O antigo “eu” ficou para trás.
Mudaram e mudam todos os dias.
3 mulheres que, no Brasil, eram filhas de fulano e ciclana, irmãs, sobrinhas, primas e netas. Trabalhavam na empresa X, conheciam beltranos e ciclanos. Todas com suas vidas, individuais.
3 mulheres que nasceram de novo, pois, ao chegarem no Egito, ninguém conhecia suas famílias, amigos, empresa. Pouquíssimos sequer conheciam o lugar de onde vieram, ou seja, tornaram-se mulheres sem referência nenhuma.
Não perderam apenas o chão, e sim, as paredes, o teto, tudo.
3 mulheres que, no Brasil, tinham uma rotina, que, basicamente definia quem eram. Acordavam todos os dias no mesmo horário, para fazer todos os dias o mesmo trabalho e nos tempos de folga, também faziam basicamente os mesmos programas.
Ao saírem completamente de suas rotinas e perder totalmente as referências, só restou… elas mesmas!
Os corpos são os mesmos, o sangue correndo em suas veias é o mesmo, o jeito de pensar é o mesmo, porém, quando mudaram, ficaram quase sem nada para se apoiar, nas coisas que antes elas acreditavam que definiam quem elas eram.
Assim, descobriram que não eram a rotina, o trabalho, nem as pessoas com quem conviviam. São elas mesmas e nada, seja no Brasil ou no Egito.
Com isso, foram obrigadas a se conhecer melhor e a perceber que eram muito menos do que imaginavam. Menos não no sentido de importância e sim de simplicidade.
3 mulheres que descobriram que a forma como os estrangeiros as enxergam também é diferente de como as viam no Brasil e de como elas mesmo se viam e, na verdade.. aprenderam que ninguém está certo.
Ao viver em um país que não é o delas, foram obrigadas a serem mais humildes.
Começando pelo idioma.
3 mulheres que vieram para o Egito sem nenhum domínio do idioma. Então, certamente, enfrentaram dificuldades no dia-a-dia.
As tarefas simples da rotina tornaram-se grandes missões.
Voltaram a ser criança. Re-aprenderam a falar, a ler e a escrever.
E não tinham mais nenhuma referência no novo lugar. No Brasil trabalhavam na empresa X, no cargo Y e tinham um currículo maravilhoso, moravam na rua Z e frequentavam os lugares 1, 2 e 3. E agora? No Egito?
3 mulheres que aprenderam a RE-CO-ME-ÇAR.
Re-aprenderam a andar na cidade, se acostumaram com a cultura e costumes locais, com o clima. A lidar com a distância da família e com a dor de ficar ausente.
Afinal, foram obrigadas, diversas vezes, a acompanhar de longe os aniversários, as formaturas, os almoços de domingo, as festas, as doenças, crescimento de crianças, eventos nos quais sempre estavam presentes.
3 mulheres que todos dias, tornam-se mais fortes.
3 mulheres que morreram um pouco com toda essa mudança. E vão morrer muito mais vezes, com certeza. Ao mesmo tempo, tendo a convicção de que podem renascer no instante seguinte, em versões melhores do que as anteriores.
O blog Vida no Egito é formado por 3 mulheres que passaram a ver o mundo externo de outra forma, e os seus infinitos particulares, também.
Com a intenção de mostrar o dia-a-dia e a conquista de cada renascimento.
Tudo aquilo que, com certeza, a mídia não vai falar.
O blog Vida no Egito não partilha da síndrome do cachorro vira-lata.
Não faremos artigos para mostrar quão maravilhosa e cheia de luxo é a vida de quem saiu do Brasil.
Pois isso não corresponde com a realidade.
Evelyn, Mayara e Patrícia são três mulheres reais, mostrando a vida real, sem maquiagem.
2022 e Mudanças
Recomeçar foi um dos alicerces do Vida no Egito, e como a vida é feita de ciclos e recomeços, buscar novos caminhos faz parte do crescimento individual de cada uma. Patrícia Oliveira e Evelyn Koch foram parceiras incríveis nesses primeiros anos do projeto, e fico feliz de ter tido a oportunidade de criar o VNE ao lado delas. Desejo que minhas eternas parceiras vivam recomeços incríveis.
VNE vai continuar com a missão de trazer o Egito para os nossos leitores.
Mayara Carmo